domingo, 27 de fevereiro de 2011

... WHO AM I TO BE BLUE???

Tarde chuvosa, preguiça-sem-fim, obrigações acadêmicas... Acho que nunca vou alegrar a Lili e ter um tempo de verdade para blogar. Masssssssssssssssss.... Pra não dizer que não falei das flores neste final de semana, lá vai uma poesia antiguinha minha, um soneto... adoro sonetos. Adoro escrever, porque ler é um saco. Aliás, este soneto é um saco. A vida é um saco e não poder blogar de verdade é um saco.

Antes que vocês achem o bichinho mais chato ainda, uma dica pra entrar no meu astral: sabe quando você se sente mal, na rua, quando vê uma criança na mendicância, quando pensa no futuro que ela poderia ter, mas não tem (se é que você pensa nisso)? E daí, você chega em casa, toma seu banho gostoso, come sua comida, vê sua TV e dorme na sua cama quente.... E rapidamente esquece da cena de outrora. O conforto da nossa vida nos cega diante do desconforto do próximo. E, mais do que isso: a impotência ganha espaço, ainda que tenhamos um pouco (o mínimo que seja) de consciência social. São sentimentos mistos, e ambíguos.

E depois, pode ser que esse sentimento volte, renovado, quando brota a lembrança dos olhos famintos e minguados na nossa memória curta. Esse soneto fala deste sentimento. E de como o futuro do mundo morre tão facilmente dentro de nossas consciências. E de como pensar nisso e julgar a falta de consciência do próximo é muito fácil também. Na dinâmica da consciência social, nada é matemático... E qualquer julgamento, seja ele a respeito de quem olvida o próximo, ou diante de quem não olvida, mas pouco faz, é idiota. Porque a grande verdade é que lidar com tudo isso é muito complexo...


MISÉRIA EM SONETO 

A infância das ruas grita o meu nome
Depois de engolido o instinto de dor;
Dorme acordada tal qual o pastor,
Finge que é nula a presença da fome....

Invade meu rosto um pranto que some
Ante, do lar, o conforto e o calor;
Mas logo toca-me o mesmo langor
Da meninice que a morte consome....

Vejo a Esperança que jaz no chão duro
Tingir de negro o verde desta Terra;
Nasce nas faces o rubro-vergonha...

E então a infância que o meu nome berra
Perde seu sonho que não mais se sonha
– Jaz, para todos, do mundo, o Futuro!


 Agora, enquanto eu tomo um café quente no meu sofá confortável, e a chuva cai lá fora torrencialmente... deixo um vídeo pra vocês pensarem um pouquinho a respeito... (apesar de toda a ironia que ele carrega - "afinal, quem sou eu pra me sentir triste - se tenho mansão, carrão, sou artista...?"). Pano pra manga para outro post, mas muito válido para o momento. De qualquer forma, deixo ele aqui porque, assim como meu soneto, ele também traz esse sentimento misto e ambíguo de que falei...








quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

ANÚNCIO


"... E é inútil procurar encurtar caminho e querer começar já sabendo que a voz diz pouco, já começando por ser despessoal. Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver, nunca se pode chegar antes. A via-crucis não é um descaminho, é a passagem única, não se chega senão através dela e com ela. A insistência é o nosso esforço, a desistência é o prêmio. A este só se chega quando se experimentou o poder de construir, e, apesar do gosto de poder, prefere-se a desistência. A desistência tem que ser uma escolha. Desistir é a escolha mais sagrada de uma vida. Desistir é o verdadeiro instante humano. E só esta, é a glória própria de minha condição. 
A desistência é uma revelação". 
(A Paixão Segundo GH - CLARICE LISPECTOR)

* * * * * * *

Pois é, minhas colegas de auditório. A desistência é uma revelação. É o prêmio. Diante desta adorável constatação trazida à tona graças a nossa bonita e ucraniana amiguinha da foto acima, quero fazer um Anúncio-Manifesto: Eu desisto de desistir. Quero ganhar meu prêmio e obter minha revelação. Quero desistir de desistir. Chega. Quero desistir de desistir da faculdade, quero desistir de desistir do trabalho, das ideologias, dos amores, e de mim mesma. Desistir nunca me levou à nada (a não ser à frustração, prostração e depressão). Desistir é demodé. É cafona e ultrapassado; fede. Desistir sucks. Desistir nunca me levará a lugar algum (mas agora me levará ao prêmio). A desistência é o Diabo vestindo Pakalolo. A desistência é a falência múltipla da obstinação. E eu que não quero desligar os aparelhos do meu bom-senso, ainda que este esteja entre a via e a morte...

Portanto, meus caros, convoco a todos vocês a participarem comigo desse manifesto, ajudando a escrever de maneira mais honesta a minha história, a sua história, a história de todos. 
Porque "a trajetória somos nós mesmos. E em matéria de viver, nunca se pode chegar antes."
Vejo vocês no pódium. 

sábado, 19 de fevereiro de 2011

POST INAUGURAL


... CENTENAS DE MILHÕES DE ANOS DEPOIS...


... Eis que a dona do presente Memorial, desleixada e DDAzenta, acessa o Blog que ganhou de aniversário da irmã do meio pela primeira vez na vida. Meses depois. E depois de inúmeras promessas... Feio, muito feio, tsc, tsc.


E eu estava tãããããããããããão quietinha na Pontifícia naquela noite quente de Novembro achando que eu ia sair da aula e ir direto pra comemoração do níver da Gorda, que faz no mesmo mês que eu, num Karaokê lá da São João. Nada! Pilantrinhas! Era a minha festa de aniversário surpresa! Carinhas queridas-muito-queridas e família me esperando. O coração esquentou! Daí eu subo no palco pra fingir que vou cantar e.... TCHARAM! No telão do bar (onde deveria aparecer a letra da música que eu ia cantar) surge nada mais, nada menos que esta página inicial do Blog, com o post de aniversário que a Aline escreveu, e os comentários de vocês! Pow, foi a coisa mais criativa que vi na vida! Sério, ou é coisa de quem realmente não tem o que fazer... ou é coisa de gênio! Como foi obra da Ririsca... Acho que posso dizer que foi os dois, hehe.


Gorda, Mariana, Camila, Marisa, Pai... vocês participaram também desta saborosa e agradável surpresa, comentando o post de aniversário. E eu só tenho a agradecer pelo carinho de vocês. Pra quem só entrou, clicou e seguiu, silente mesmo, meu "obrigado" tem igual peso! E me desculpem por tamanha demora para acessar, mexer, fuçar, responder, agradecer... Eu não sou nem um pouco geek, não tenho muita paciência pra computador, configuração, formatação, e talecoisa. 


Depois das escusas iniciais... gostaria de dizer que... EU REALMENTE ADOREI O PRESENTE, CARAMBOLAS! Tinha que ter saído da cabecinha (im)produtiva da Lilica Pororoca... né? Há tempos ela insistia para que eu criasse um blog e blá blá blá. E eu sempre dizia que eu não era uma sem-nada-pra-fazer-da-vida como ela, que escrevia todos os dias (ou quase) e talz. Mordi a linguona e tive que me render... né?


Bão... eu queria te dizer, Gorda, que eu realmente não vou postar desenfreada, desembestada e verborragicamente feito você. Em primeiro lugar, porque eu não tenho o seu talento. Em segundo lugar, porque... bom, não tem segundo lugar, rs. Aliás... não sei se disse, mas.... a festa surpresa, levar a mãe, o Walter, conseguir a presença do Márcio, Thiego... foi algo realmente muito tocante pra mim. Sem você e sem a Marisa, eu jamais teria essa lembrança linda pra registrar aqui no Memorial... Obrigada. Amo. Aliás, a Marisa teve uma bouuuuaa parcela de culpa nisso tudo.  :-)


Droga. Falei que não queria verborragia, e olha o tamanho que tá isso aqui, damn...


Pra fechar o post inaugural oficialmente estreado pela "Pedra" em pessoa, lanço a pergunta: PORQUE PEDRA CRISTALINA - UM MEMORIAL????


Hááááá, eu seiiii-êêêê!!!! Vocês não saaaaaaaaaaaaaa-beeeeeemmmm!!!! Hehehe. Assim eu tenho a deixa para um próximo post. Post-revelação.


E a todos que estão alegrezinhos com essa época do ano fantástica-e-querida-salve-salve (lê-se volta às aulas), deixo uma singela homenagem . Com Gabriel, o Pensador. ESTUDO ERRADO.



Eu tô aqui pra quê? 
Será que é pra aprender? 
Ou será que é pra aceitar, me acomodar e obedecer? 
Tô tentando passar de ano pro meu pai não me bater 
Sem recreio, de saco cheio porque eu não fiz o dever 
A professora já tá de marcação porque sempre me pega 
Disfarçando, espiando colando toda prova dos colegas 
E ela esfrega na minha cara um zero bem redondo 
E quando chega o boletim lá em casa eu me escondo 
Eu quero jogar botão, vídeo-game, bola de gude 
Mas meus pais só querem que eu "vá pra aula!" e "estude!" 
Então dessa vez eu vou estudar até decorar, cumpádi 
Pra me dar bem e minha mãe deixar ficar acordado até mais tarde
Ou quem sabe aumentar minha mesada 
Pra eu comprar mais revistinha (do Cascão?)
Não. De mulher pelada 
A diversão é limitada e o meu pai não tem tempo pra nada 
E a entrada no cinema é censurada (vai pra casa pirralhada!)
A rua é perigosa então eu vejo televisão
(Tá lá mais um corpo estendido no chão) 
Na hora do jornal eu desligo porque eu nem sei nem o que é inflação 
- Ué, não te ensinaram? 
- Não. A maioria das matérias que eles dão eu acho inútil 
Em vão, pouco interessantes, eu fico pu.... 
Tô cansado de estudar, de madrugar, que sacrilégio 
(Vai pro colégio!!) 
Então eu fui relendo tudo até a prova começar 
Voltei louco pra contar:
Manhê! Tirei um dez na prova 
Me dei bem, tirei um cem e eu quero ver quem me reprova
Decorei toda lição 
Não errei nenhuma questão 
Não aprendi nada de bom 
Mas tirei dez (boa, filhão!)
Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci 
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi 
Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci 
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi 
Decoreba: esse é o método de ensino 
Eles me tratam como ameba e assim eu num raciocino 
Não aprendo as causas e conseqüências, só decoro os fatos 
Desse jeito até História fica chato 
Mas os velhos me disseram que o "porque" é o segredo 
Então quando eu num entendo nada, eu levanto o dedo 
Porque eu quero usar a mente pra ficar inteligente 
Eu sei que ainda num sou gente grande, mas eu já sou gente 
E sei que o estudo é uma coisa boa 
O problema é que sem motivação a gente enjoa 
O sistema bota um monte de abobrinha no programa 
Mas pra aprender a ser um ingonorante (...) 
Ah, um ignorante, por mim eu nem saía da minha cama 

(Ah, deixa eu dormir) 
Eu gosto dos professores e eu preciso de um mestre 
Mas eu prefiro que eles me ensinem alguma coisa que preste 
- O que é corrupção? Pra que serve um deputado? 
Não me diga que o Brasil foi descoberto por acaso! 
Ou que a minhoca é hermafrodita 
Ou sobre a tênia solitária. 
Não me faça decorar as capitanias hereditárias!! (...) 
Vamos fugir dessa jaula! 
"Hoje eu tô feliz" (matou o presidente?) 
Não. A aula 
Matei a aula porque num dava 
Eu não agüentava mais 
E fui escutar o Pensador escondido dos meus pais 
Mas se eles fossem da minha idade eles entenderiam 
(Esse num é o valor que um aluno merecia!) 
Íííh... Sujô (Hein?) 
O inspetor! 
(Acabou a farra, já pra sala do coordenador!) 
Achei que ia ser suspenso mas era só pra conversar 
E me disseram que a escola era meu segundo lar 
E é verdade, eu aprendo muita coisa realmente 
Faço amigos, conheço gente, mas não quero estudar pra sempre! 
Então eu vou passar de ano 
Não tenho outra saída 
Mas o ideal é que a escola me prepare pra vida 
Discutindo e ensinando os problemas atuais 
E não me dando as mesmas aulas que eles deram pros meus pais 
Com matérias das quais eles não lembram mais nada 
E quando eu tiro dez é sempre a mesma palhaçada...

Encarem as crianças com mais seriedade 
Pois na escola é onde formamos nossa personalidade 
Vocês tratam a educação como um negócio 

Onde a ganância, a exploração e a indiferença são sócios 
Quem devia lucrar só é prejudicado 
Assim cês vão criar uma geração de revoltados 
Tá tudo errado e eu já tou de saco cheio 
Agora me dá minha bola e deixa eu ir embora pro recreio...  

... E É POR ESSAS E OUTRAS QUE NUNCA DESISTI DA MINHA LICENCIATURA. 


Agora dá licença que tou indo pro meu recreio.