sexta-feira, 18 de março de 2011

O OFÍCIO DE PROFESSOR


… E eis que recebemos essa bucha, essa pergunta filha-de-uma-santa, que me fez viajar nas entranhas do meu mundinho afetado. Complexa, avassaladora, entaladora de gargantas. A Mestra da matéria “Desafios da Escola Brasileira” (sim, eu tenho essa matéria no curso de História da Pontifícia), lança assim, sem piedade, à queima-roupas: “O que é ser professor?”

Como responder a este milenar enigma antes que a Esfinge me devorasse?

Ser professor... é ter dentro de si um Universo que abriga muitos dos ofícios mais nobres do orbe. Sabe porque?

Ser professor é ser também um Arquiteto. Arquiteto do saber. Aquele que ergue as colunas do conhecimento e sabe onde exatamente colocar a argamassa correta, e o ponto que ela deve tomar... Para edificar dentro da gente um templo sólido e indissolúvel. Aquele inexorável ao tempo, que não se perde com o a força dos anos, não se deteriora, não se esvai.

Ser professor... é ser também um Mágico. Aquele que tira da cartola memórias inimagináveis e citações imprevisíveis. Por fazer desaparecer, com palavras mágicas, nossas inseguranças diante da vida. Ou simplesmente por ter o dom de adivinhar as cartas que seus discípulos pretendem ter nas mangas, na hora da cola...

Ser professor... é ser também um Botânico. Versado na arte de plantar, fecundar, cultivar, distribuir e multiplicar as ramas do conhecimento. Especialista em dissecar as folhas do passado, extrair o néctar do presente, e prever a colheita do futuro.

Ser professor... É ser também um Músico. Um maestro. Que, a frente de sua orquestra discente, dá o tom da pesquisa, não deixa o ritmo do estudo se perder, dá as notas corretas no pentagrama letivo. E aplaude de pé, junto com a plateia, quando a Orquestra Formanda alcança seu objetivo e consegue executar com maestria a canção graduada.

Ser professor... é ser também um Ator. E dos bons. Que prepara o corpo, a voz e coração, para recitar à plateia que o espera o texto que lhe compete explicar. Que cuidadosamente escolhe os melhores olhares e gestos para que o objetivo de seu personagem seja compreendido. Que dá autógrafos no final da apresentação seminária-teatral...

Ser professor... é ser também um Poeta. Um especialista da métrica da disciplina. Do Lirismo acadêmico. Da arte de conduzir, com genialidade e zelo, as rimas e versos do futuro de seus pupilos.

E, sendo poeta, o professor é também um Fingidor, como já desconfiava Fernando Pessoa. Sim, um fingidor. E finge tão completamente, que chega a fingir que é Labor, o Amor que deveras sente. Porque o professor ama o que faz, e o que faz, faz com amor. E então o trabalho, a obrigação do Lavoro por assim dizer, se esmorece e se desfaz, transformando-se num prazer diário e impagável.

E, sobretudo... Apesar de conter em si toda essa gama de mundos... O Professor é antes de tudo um grande ALUNO. Que sabe reconhecer, humilde e sabiamente sob a égide dos princípios socráticos, que quanto mais conhecimentos adquirimos... mais conhecimentos precisamos. E mais percebemos quão pouco sabemos...

O professor é o elemento-chave, o motor, o metal condutor que impulsiona, conduz, e dá as diretrizes do conhecimento a todos aqueles que se propõem a aceitá-lo. E sua importância é inegavelmente imensurável. É um sacerdócio. Um pastoreio. Ser professor... é cartesianamente....... SER!

…. E a professora, me olhando com aquela cara de “W.T.F. are you talking about, kid???”, colocou as mãos nos meus ombros e me disse pacientemente: “filha, num complica. Escreve aí em cinco linhas algo 'simplinho' e me entrega”.

(... MILHARES DE PONTINHOS DE RETICÊNCIA PRA TRADUZIR MEU SENTIMENTO...)

5 comentários:

  1. Nataly.
    seu blog também é lindo e eu não seria a pessoa certa para elogiá-la, até mesmo porque sempre adorei suas escritas e a inteligência que você possui. Seus textos são ricos e se vc algum dia resolve escrever um livro, comunique-me pois terei o enorme prazer em prestigiá-la. Bjão.

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  2. Puxa... muito obrigada! Mas... a quem pertence esse tão incentivador comentário? De qualquer forma... agradeço, Anônimo! Mas... desconfio que seja o João, rs. Grande beijo,saudades!

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  3. Seu blog é lindo mesmo, hehe.

    Soneto perfeito, como sempre!!!

    Vê se começa a guardar suas poesias decentemente. Senão, na hora de fazer o livro, vai ter que sair caçando papel de pão nas suas bagunças. Te conheço!!!

    Aline

    ( a bosta da net de casa não tá me deixando logar!)

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  4. HUAHAUHUAHAUAU!!!! Pow.... pior que é verdade, rs. Mas quem disse que vou publicar algum livro? Valha-me Deus. Blog já dá a maior dorzona de cabeça, que dirá um livro... Masssssss... se um dia rolar... Saiba que os papéis de pão que tenho guardados dá pra servir uma padaria inteira, rs! O duro... é encontrar nas minhas bagunças! Bjão!

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  5. Bom, eu vou colocar aqui como anônima, pq tenho conta no bendito Wordpress e o Blogger diz que não... Mas nem adianta que não vou fazer conta no Blogger!!! Rsrsrs... Bom, Nataly, vc tem inteligência e talento, e vai ser obrigada a escrever um livrozinho chato de historiadores, então... Quem sabe em breve tenha um clássico do gênero! Rs... Sou sua admiradora vitalícia, vc sabe, parabéns pela eleição da Pontifícia, gatona!

    www.luanasanches.wordpress.com

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